textos sobre a não violência em tempo de guerra: Será possivel ser-se "não violento" hoje?

textos sobre a não violência em tempo de guerra

sexta-feira, setembro 01, 2006

 

Será possivel ser-se "não violento" hoje?


Há vários anos que me pergunto isso. É possível pensar o mundo de hoje a partir do pensamento não-violento? A pergunta tem uma grande carga retórica, é verdade, procura chamar a atenção para a dificuldade que é projectar a vida a partir de uma ideia de não-violência. E não me refiro à ridicularização e caricaturização que a ideia não-violenta tem e a forma como, por exemplo, ainda produz algum sentido nas nossas sociedades fazer uma correspondência entre virilidade e violência. Nem me focalizo no rombo que foi para o movimento pacifista a constituição, em plena guerra fria, de movimentos de pacificistas unilaterais, muito ágeis a condenar os desmandos do imperialismo americano mas muito distraídos e relapsos a apontar o dedo aos crimes do império soviético. Esses são, julgo de forma empirica, fenómenos minguantes e poderão até ser contrabalançados com movimentos que ganham alguma ascendência política como os ecologistas, que acabam muitas vezes por se associar aos partidários da não-violência e a movimentos pacifistas.

Tenho antes, em especial atenção dois aspectos: o primeiro, advém da própria natureza da atitude não-violenta, que é a de uma tomada de posição individual ou de grupos contra uma entidade maior, por exemplo os Estados, que detém um determinado exercício da violência. Ora a guerra tipifica um exercício reiterado e alternado da violência entre Estados. É possivel mesmo assim a recusa em realizar a guerra, nomeadamente através da objecção, mas até esse aspecto com a profissionalização dos trabalhos guerreiros, deixou de produzir muito sentido.
O segundo, a emergência do terrorismo e da guerra ao terrorismo como discurso global que reinventa uma deriva securitária capaz de repôr a operacionalidade politica e mediática perdida pelos Estados e pelos Impérios que se apresentavam em estado de elevada degradação política e até, de perda da legitimidade política. A Guerra da Tchechénia e a do Iraque, são dois terríveis exemplos disso.

Insisto, é possível ser-se não-violento hoje?

Comments:
sim, no mesmo sentido em que é possível vivermos num mundo justo, feliz e não poluído. num sentido tendencial. num sentido de 'caminho para', que parte do nosso mundo pequeno, da nossa casa (e sabendo que o caminho é longo).
 
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